2022 - presente
Série fotográfica, em processo
Quando a representação visual de um objeto, de uma paisagem, ainda por acontecer no tempo futuro toma para si características de outra linguagem visual que se refere ao passado, ocorre um choque de tempos narrativos. A imagem que simula uma fotografia não se situa inteiramente no passado –possui um objeto a ser realizado e que não existe ainda para ser fotografado –, nem no presente – sempre se supõe uma dilatação temporal entre a gênese da fotografia e sua observação – e também não é um futuro puro – já que seu discurso visual ocorre através de uma linguagem ancorada no passado. O tempo verbal do discurso então não seria um pretérito, nem um presente e nem um futuro, mas uma espécie de pretérito do futuro: a existência no passado, através da linguagem fotográfica, de um objeto que não existe no agora, mas no futuro – um passado do futuro, um passado que ainda está por se realizar e que já o contemplamos.